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Foto: David da Silva - 28.ago.2011 - O verso citado é trecho da canção "Balada número 7 para Mané Garrincha", composição de Alberto Luiz.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Romildo, um potiguar no coração do Marabá

Foto: David da Silva
11.jul.2010

David da Silva

A história de Romildo começa em 19 de abril de 1960 em Parnamirim, cidade com quase 260 mil habitantes na região metropolitana de Natal, a 12 quilômetros de distância da capital do Rio Grande do Norte.
Quando o pequeno potiguar tinha 6 anos de vida, sua família se transferiu para o Rio de Janeiro, no subúrbio de Duque de Caxias.
Três anos depois, sua mãe e seu padrasto vieram com os filhos para São Paulo.
“Chegamos aqui à meia-noite. Na rodoviária (na época perto da Estação da Luz) já não tinha ônibus para o subúrbio. Fomos dormir na marquise do edifício Martinelli, na Avenida São João”, conta Romildo Soares Francelino.
O porteiro do prédio ficou com dó da família exposta ao frio da madrugada. “Eu estava assustado”, relata Romildo. “Com nove anos de idade eu ainda não sabia o que era frio. Minha cidade natal é quente. No Rio de Janeiro também faz muito calor. Eu estava desesperado, batendo o queixo. Quando aquele porteiro nos chamou para dormir na recepção do prédio, foi nossa salvação”, lembra agradecido. Além do calor humano, o porteiro deu um presente ao garoto: “Ele me deu um carrinho de plástico, uma viatura de polícia pintado de vermelho e preto”.
Na manhã seguinte, a família foi para o Jardim Bandeirantes, na região do Jaraguá, onde a avó de Romildo vivia.

Primeiras moedas

Desde menino Romildo sempre se virou para ganhar uns trocados.
Catava latinhas, papelão e ferro-velho.
Levou a vida assim entre 1969 a 1974.
Quando estava com 14 anos, surgiu seu primeiro emprego com carteira assinada. “Nesta época eu já morava em Pirituba, onde fui trabalhar na Padaria Aristau, como balconista”.

Um ano depois, os patrões João e Devanir venderam a padaria para Alfredo (atual proprietário da Padaria Marquesa, no bairro Marabá, Taboão da Serra), com quem Romildo trabalha até hoje.

A vida de balconista era pouco para as pretensões do menino Romildo. “Lá na Padaria Aristau tinha o padeiro Nedson, um piauiense. Pedi para ele me ensinar o ofício”, conta Romildo já com um sorriso antecipando um folclore da narrativa.
“O problema é que para cada coisa que o Nedson padeiro me ensinava, eu tinha de pagar uma cerveja para ele”, recorda rindo. “Quanto mais eu aprendia, mais o padeiro ganhava cervejas”.

Por volta de 1979-1980 Alfredo começou a construir uma nova padaria no Jd Vazame, no município Embu.
Romildo encarou a obra. Puxou massa, fez cimento, ajudou a levantar.
“Nessa época eu já era pai do Márcio e da Cristiane. Só ia lá em casa em Pirituba a cada 15 dias ver minha família”, recorda.
Com a obra pronta, foi morar perto do emprego.

Sempre renovando seus negócios, Alfredo decidiu construir um depósito de materiais para construção no Parque Marabá, no município de Taboão da Serra.
Chamou Romildo para seguir junto no novo empreendimento. Mas Romildo preferiu trabalhar em um restaurante em Santo Amaro, e ao mesmo tempo entrar como sócio numa oficina mecânica no Jardim Vazame.
Tempos depois, Alfredo chamou Romildo para propor-lhe novo emprego.
Fecharam o acordo de trabalho com uma rodada de chopps na Pizzaria Casa Nova.
Em 25 de junho de 1996, Romildo assumiu definitivamente seu posto na Pães e Doces Marquesa do Taboão.

Coração lusitano

A camisa da Lusa que Romildo veste, não é para puxar o saco de seu patrão português.
“O Alfredo é nascido em Portugal, mas torce pelo São Paulo!”, explica.
Antes de torcer para o time do Canindé, Romildo era torcedor do Santos FC.
“Deixei de ser peixeiro no dia em que o Marcelinho Carioca vestiu o uniforme do clube da Vila Belmiro. Qualquer um poderia vestir a farda do Santos. Menos aquele cara”, desabafa.

Admirador do jornalista Orlando Duarte, cronista esportivo especializado em regras esportivas, Romildo também se interessa pelo Código Disciplinar do Futebol.  
“Resolvi me aprofundar no assunto quando o pessoal da Secretaria de Esportes de Taboão da Serra começou a prejudicar o VUMO em 2002”, diz Romildo sobre o time do qual foi presidente num período conturbado da história do clube.
Romildo em um pós-jogo no campo do bairro Marabá
Foto: David da Silva - 11.jul.2010

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