Quando o Gilmar Fubá chega aqui na sede do VUMO, ninguém fica parado. Fubá brinca com todo mundo, conta casos e causos da sua longa caminhada no futebol brasileiro e no estrangeiro, fala uma piada atrás da outra... enfim.
E logo vai pegando os ingredientes pra fazer caipirinha em quantidade industrial. E faz questão de ele próprio sair servindo todo o público presente.
E se no boteco do time não tiver os produtos pra preparar a caipirinha, Gilmar Fubá não se aperta. "Eu bato no portão de uma dona e peço três ou quatro limões, vou na outra e peço um pouquinho de açúcar, a outra me arruma umas forminhas com gêlo, e pronto!", diz enquanto serve a galera às gargalhadas.
Leia abaixo uma extensa matéria especial sobre o nosso incomparável Gilmar Fubá publicada hoje na internet.
Reportagem de Bruno Doro, do UOL Esporte
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Gilmar Fubá: Foto: David da Silva |
Gilmar Fubá é uma atleta aposentado. Mas com asterisco. O folclórico volante, que foi campeão do Mundial da Fifa de 2000 com o Corinthians, deixou o futebol profissional no ano passado. O destino? O Ajax da Vila Rica, na Zona Leste de São Paulo, considerado o Corinthians do futebol de várzea. E não foi por falta de opção.
“Olha, eu tive muitas propostas. Times da segunda divisão de São Paulo fizeram ofertas, mas não valia a pena. Eu tinha prometido que iria voltar para a várzea. E no futebol amador tem muito time com estrutura muito melhor do que de times do interior”, afirma.
OS CAUSOS DE GILMAR FUBÁ
Folclórico, Gilmar Fubá é um dos jogadores mais engraçados que já passaram pelo futebol profissional. Prova disso veio no ano passado, quando ele foi um dos convidados do programa vespertino "SP Acontece", comandado pelo ex-meia do Corinthians Neto. Com uma série de causos da época em que ainda jogava, ele fez todos caírem na gargalhada. Confira a seguir uma breve seleção das histórias de Fubá:
A BMW
Gilmar Fubá ergue a taça do VUMO Campeão Municipal em 2011 Foto: David da Silva - 04.set.2011 |
"Quando fui campeão mundial, caiu R$ 190 mil na conta. Passei o cartão, vi aquilo tudo de dinheiro, nunca tinha visto tanto na conta, e pensei: 'Depositaram errado'. Fiquei quietinho, fui no banco e falei: 'Quero tirar tudo isso de dinheiro'. Mas a mulher disse que precisava avisar com antecedência. Depois de cinco dias, fui com uma mala e peguei todo o dinheiro. Fui comprar uma BMW. Cheguei de calção e havaianas, e disse: 'Quero comprar aquela BMW’. O cara enrolou e perguntou como eu ia pagar. Abri a mala cheia de dinheiro e ele falou: 'Fecha isso aí, fecha isso aí'. Paguei a BMW e levei embora. Chegou em São Mateus, não tinha nem garagem. Minha mãe ficou preocupada: 'E agora, onde vai pôr esse carro?'. Eu disse para deixar na rua mesmo, mas a minha mãe ficou dormindo lá dentro. 'Toma conta aí então', eu falei. Eu tinha que descansar direito para treinar. Mas a BMW é confortável!".
NO QATAR
"Cheguei lá e não sabia falar árabe, não sabia nem falar português direito. Mas eu ficava quatro, cinco horas conversando com os árabes. O Osvaldo de Oliveira ficava doido comigo. No final, eu fui até o capitão do time, sem saber nada. Tinha um iraniano lá que aprendia fácil o português. E eu ensinava ele a falar português. Aí um dia eu tava no DM e ele perguntou o que eu tinha, eu falei: 'migué'. Expliquei o que era migué para ele em português. E um dia ele tava deitado lá no DM, e chegou um fisioterapeuta brasileiro, que perguntou para o Osvaldo o que ele tinha: 'Esse aí tá de migué'. O iraniano levantou e começou a dizer: 'migué não!'".
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Fubá no jogo-festa VUMO x Masters do Corinthians Foto: David da Silva - 04.mar.2012 |
EVARISTO DE MACEDO
"Fomos jogar contra a Inter de Limeira, estava eu e todo mundo no banco. E o Evaristo jogou no Barcelona, no Real Madrid, então para ele, ele é o melhor do mundo. E ele chegava lá e dizia: 'Olha esse Vampeta, como ele pode ser jogador de seleção? Olha esse Rincón, esse Gamarra, eles são muito ruins!'. A gente só ria no banco. Aí ele olhou para nós no banco e falou: 'Vocês estão rindo do quê? Vocês são reservas deles!'".
JOEL SANTANA
"Em 97, a gente estava para cair para a segunda divisão, com a batata assando, aí ele chamou todo mundo, mas só a comissão e os jogadores, disse que a diretoria ia ficar de fora. Então a gente estava sentado, ouvindo ele falar: 'A culpa não é de vocês não, a culpa é da diretoria'. Mas o diretor chegou e ele não viu. Os caras estavam cutucando ele para falar que o diretor estava chegando. Quando ele olhou para trás e viu o diretor, ele disse: 'A culpa é dessa diretoria, que contratou todas essas merdas aí'. Olha a pipocada que ele deu na hora".
MIRANDINHA 1
"Tem uma história dele engraçada de quando ele foi para Belém do Pará, jogar no Paysandu. Aí no jogo de estreia dele ele fez dois gols, o Mirandinha. Aí acabou o jogo e os caras falaram para ele: 'Ô, Mirandinha, no jogo de estreia já fez dois gols, que prazer!'. E ele disse: 'Para mim, é um prazer imenso fazer dois gols na terra onde Jesus nasceu, que é Belém'".
MIRANDINHA 2
"Antigamente a gente jogava o Campeonato Paulista no Parque São Jorge. Então, o alambrado fica pertinho do banco de reservas. E tinha uns torcedores chatos para caramba ali atrás. O Evaristo no banco e o torcedor: 'Tira o Mirandinha, tira o Mirandinha!'. O Evaristo só quieto. 'Tira o Mirandinha!'. Aí o Evaristo olhou para trás e falou: 'Do jeito que eu estou sofrendo, você vai sofrer também'. E começou a gritar: 'Faz cagada, Mirandinha, faz cagada, Mirandinha!'. E não tirou o Mirandinha".
Mesmo assim, ele está ouvindo os interessados em seu futebol. “Eu sou ex-jogador. Mas se aparecer alguma coisa realmente boa, a gente volta”. E a chance para isso existe. O próprio Fubá confirmou que foi procurado por um time da segunda divisão japonesa. “Mas não tem nada certo. Pode ser que assine, pode ser que não. Mas é uma proposta assim que vai me fazer voltar”.
Enquanto isso não acontece, Gilmar segue se divertindo na várzea. “Eu fui criado aqui no Ajax. Meu irmão foi campeão aqui e sempre prometi para o povo que vestiria essa camisa. O Ajax, na várzea, é que nem o Corinthians. Todo jogo leva quatro, cinco mil pessoas para o campo. Tem muito time da primeira divisão que não tem tanto torcedor”.
A estreia oficial do volante está marcada para a próxima semana, no primeiro jogo do Ajax pela Copa Kaiser, considerada a principal competição de futebol amador de São Paulo – o torneio começa neste domingo e o UOL Esporte tem um site especial. O rival será o Paulista, do Itaim Paulista, às 13h de domingo, no CDM Flor da Mocidade, próximo ao Terminal A.E. Carvalho, em Itaquera.
“Pode preparar que vai ser uma festa”, avisa o presidente do Ajax, Francisco Prince Ribeiro, o Kiko. “A chegada do Gilmar é muito importante para o time. Em campo, ele traz a qualidade de quem foi campeão do mundo. Fora, ele é um chamariz muito bom para a torcida. E como a torcida do Ajax já é grande...”
Nos treinos, que o Ajax faz todo sábado, a presença do Fubá já é marcante. “Na primeira vez que apareceu, a gente reuniu os jogadores no meio do campo e ele falou algumas coisas. Contou as experiências do futebol. E, quando a bola rolou, a gente viu que ele tem qualidade. Colocou a garotada para correr”, conta Kiko.
A frase do presidente pode dar a entender que, como ex-jogador, Gilmar pode aparecer fora de forma dentro do campo. Mas o próprio garante que não. “Estou há algum tempo longe do futebol profissional. Mas ao contrário de 99% dos jogadores, eu emagreci. Não engordei. Tudo bem que o que eu perdi foi massa muscular, mas a balança está mostrando que eu estou mais leve”, brinca o jogador.
Enquanto a estreia não chega, Fubá adota um expediente que a maioria dos jogadores na várzea usa: jogar por muitos times. Neste fim de semana, por exemplo, ele jogou o Brasileiro de Showbol. Ele também defende o Corinthians Masters. “O negócio é não ficar parado”.
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